Lombalgia: o alarme silencioso da coluna

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Este texto foi escrito pelo Dra. Luciana Ferrer, especialista em coluna, trazendo informações importantes e atualizadas sobre Lombalgia.

A lombalgia, popularmente conhecida como dor nas costas, é uma condição caracterizada pela presença de dor na região lombar, que corresponde à parte inferior da coluna vertebral.

Trata-se de uma das queixas musculoesqueléticas mais comuns na população mundial é uma das grandes causas de morbidade e incapacidade funcional, perdendo em incidência apenas para a cefaleia entre os distúrbios dolorosos que mais acometem o homem. Além disso, representa uma das principais causas de afastamento do trabalho e limitação funcional.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% das pessoas experimentarão algum episódio de dor lombar ao longo da vida e com o aumento da população idosa estes números poderão crescer.

A lombalgia pode ser classificada de diferentes formas, dependendo do critério utilizado. As principais classificações são quanto à duração, quanto à causa, quanto à presença de irradiação e quanto a presença de irradiação. Ela pode ser classificada como aguda quando a duração for até 4 semanas), subaguda entre 4 e 12 semanas ou crônica, quando persistente por mais de 12 semanas, sendo esta última a mais desafiadora em termos de tratamento e reabilitação.

A dor lombar pode se apresentar de forma localizada configurando a lombalgia mecânica ou axial ou pode ser irradiada, geralmente para os membros inferiores, caracterizando a chamada lombociatalgia. Este é um termo médico que descreve a combinação de dor na região lombar com irradiação para o trajeto do nervo ciático (ciatalgia). A intensidade varia de leve a incapacitante e pode vir acompanhada de rigidez, sensação de peso, formigamento, dormência e limitação de movimentos.

Existem várias causas, que podem ser divididas em mecânicas, inflamatórias, degenerativas, neurológicas e outras condições.

1. Causas mecânicas (as mais comuns):

  • Má postura
  • Esforço físico excessivo
  • Levantamento inadequado de peso
  • Sedentarismo
  • Distensões musculares ou ligamentares
  • Hérnia de disco
  • Espondilolistese (deslizamento de vértebra)
  • 2. Causas degenerativas:

  • Artrose na coluna (espondiloartrose)
  • Degeneração dos discos intervertebrais
  • 3. Causas inflamatórias:

  • Espondilite anquilosante
  • Outras espondiloartrites
  • 4. Causas neurológicas:

  • Compressão do nervo ciático (ciatalgia)
  • Estenose do canal vertebral
  • 5. Outras causas:

  • Infecções (ex.: osteomielite, discite)
  • Fraturas por osteoporose
  • Tumores (primários ou metastáticos)
  • Doenças viscerais referidas (ex.: problemas renais, ginecológicos ou intestinais)
  • O diagnóstico da lombalgia é predominantemente clínico, baseado na história do paciente e no exame físico. Um exame físico detalhado com testes específicos, como o de Lasègue ou o teste de Schober, complementam a avaliação inicial. Em casos persistentes ou com sinais de alarme, exames de imagem como radiografias, ressonância magnética ou tomografia computadorizada podem ser solicitados para identificar possíveis alterações estruturais.

    O tratamento da lombalgia envolve uma abordagem multidisciplinar, sendo a fisioterapia um dos pilares fundamentais. As estratégias terapêuticas incluem: terapias manuais para alívio da dor e melhora da mobilidade, exercícios terapêuticos para fortalecimento muscular, estabilidade do core e reeducação postural, recursos eletrotermofototerapêuticos, como TENS, ultrassom, laser e calor superficial, educação em saúde, com foco na ergonomia, atividade física regular e estratégias de enfrentamento da dor, abordagens biopsicossociais, especialmente em casos de dor crônica, que consideram fatores emocionais e comportamentais no manejo da dor. Outros tratamentos incluem pilates, RPG, fortalecimento muscular e alongamentos.

    Em casos mais graves ou refratários ao tratamento conservador, pode ser necessária a intervenção médica com uso de medicamentos, infiltrações ou até cirurgia, embora esta última deva ser sempre considerada como última opção.

    A fisioterapia tem papel essencial não apenas na recuperação funcional do paciente com lombalgia, mas também na prevenção de recorrências, promovendo saúde, autonomia e qualidade de vida.

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